Pedagogia Waldorf

A pedagogia Waldorf, desenvolvida pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner, tem por base a visão integral e holística do ser humano cujo conhecimento é guiado pelos pilares básicos que constituem a Ciência Espiritual – Antroposofia, do grego “conhecimento do ser humano”. Esta pedagogia propõe transmitir conhecimentos de forma viva a fim de criar uma imagem real do que é o mundo.

Reconhecida pela UNESCO, conta atualmente com mais de 2000 Escolas e Jardins de Infância em todo o mundo.

O ser humano assume fases de desenvolvimento num ritmo de sete anos. Durante cada fase, desenvolvem-se habilidades específicas no agir, no pensar e no sentir.

A Primeira infância

Segundo Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia, o ser humano desenvolve-se por septénios. Cada septénio traz novos desafios e possibilidades de desenvolvimento. 

A Pedagogia Waldorf deriva da Antroposofia e tem como papel principal proporcionar à criança um ambiente que seja favorável ao seu desenvolvimento harmonioso e saudável, respeitando a maturidade emocional da mesma.

É neste septénio que a criança desenvolve e adquire as bases da sua saúde orgânica, emocional, mental e social.

Para que ela se desenvolva de forma saudável e com um sentimento de segurança, o Educador transmite a mensagem de que o Mundo é Bom. Para isso o próprio Educador a partir da sua auto-educação trabalhar, para que possa consistir num bom exemplo, digno de ser transmitido. Sobre este septénio falaremos sobre três subgrupos: dos 0 aos 3 anos de idade, dos 3 aos 5 anos e finalmente dos 5 aos 7 anos de idade.

“Como a flor anuncia o fruto, assim a infância do homem é a promessa de sua vida futura” 

Rudolf Steiner

Entender será o primeiro passo para aceitar

Para entendermos a criança é importante percebermos a fase de desenvolvimento em que se encontra (não só determinada pela sua idade). Entender será o primeiro passo para aceitar e com certeza modificaremos o nosso olhar e a consequente intervenção.

É incrível a perceção de como a alteração de aspetos muito simples no nosso dia a dia podem alterar e ajudar de forma tão grandiosa as crianças. Contudo, só o conseguimos fazer quando mergulhamos no estudo do seu desenvolvimento e quando mergulhamos em nós mesmos.

Outro aspeto também muito importante e alvo de reflexão com as famílias é entender se estamos a dar resposta ao que a criança quer ou ao que a criança precisa. Com a prática e a mudança de algumas estratégias/atitudes seremos capazes de entender que, quanto mais “dermos” à criança o que ela precisa mais a ajudamos no seu desenvolvimento global harmonioso.

Família e escola de mãos dadas é um processo, indispensável neste caminho!

“Não há, basicamente, em nenhum nível, uma outra educação que não seja a auto educação. […] Toda educação é auto educação e nós, como professores e educadores, somos, em realidade, apenas o entorno da criança educando-se a si própria. Devemos criar o mais propício ambiente para que a criança se eduque junto a nós, da maneira como ela precisa educar-se por meio de seu destino interior.” (Rudolf Steiner)

Para além de nos centrarmos na teoria do desenvolvimento da criança é também essencial perceber a biografia de cada família, ou seja, existe uma teoria base que tem de se abrir face à realidade de cada família. As abordagens devem ser diferentes consoante as vivências e história, bem como o tempo para alcançar objetivos e superar desafios!

Dos 0 aos 3 anos

Nos primeiros anos de vida a criança conquista três grandes capacidades: andar, falar e pensar

Andar – colocar-se em posição de equilíbrio perante o Mundo. A aquisição desta capacidade faz com que todo o organismo se oriente. Podemos aqui observar como a criança é um ser sensorial imitativo – nos primeiros anos de vida tudo deverá ser aprendido através da imitação, é importante pensar-se em tudo o que envolve a criança: ambiente, adultos, espaço e materiais.

Uma criança que é amorosamente conduzida a andar torna-se uma pessoa sadia. 

” … tudo o que ocorre ao redor da criança expressa-se na sua organização física.” (Rudolf Steiner)

A Fala surge como um resultado do andar, da orientação espacial. A forma como os adultos envolventes promovem o andar da criança determinará a forma como ela dominará a fala. 

Inicialmente a criança aprende a falar através de todo o seu organismo e a maneira como ela se expressa na fala reflete a forma como está organizado o seu andar: o movimento das pernas e dos braços. Como Educadores auxiliamos o processo do falar sendo interiormente verdadeiros.

” … a veracidade da fala é captada pelo organismo físico da criança.” (Rudolf Steiner)

O Pensar exige aos adultos envolventes que tenham clareza no seu próprio pensar. É importante passar à criança mensagens claras e coerentes. 

” … sendo a criança, toda ela, um órgão sensorial, reproduzirá interiormente, no organismo físico, também o elemento espiritual, com o qual possa extrair da fala um pensar correto.” (Rudolf Steiner)

 

Dos Dos 3 aos 5 anos

Por volta dos 3 anos podemos salientar dois novos aspetos: a afirmação do Eu: em que a criança já se consegue ver destacada dos outros. Existe uma separação e a possibilidade de dizer “Eu quero” em vez de “A Maria quer…” e também devido ao mesmo processo a negação com a palavra “não”, demonstra uma individualização. Ao nível da socialização a criança aumenta aqui muitas possibilidades no brincar, começando a brincar com os seus pares.

Logo aqui verificamos uma grande alteração comportamental trazendo grandes e novos desafios!

O pequeno potencial do pensar manifesta-se aqui na fantástica fantasia infantil. É muito interessante observar como a criança brinca com um objeto sem um propósito único. Um tronco de madeira, por exemplo, pode ser uma pessoa, um carro, uma ponte, etc.

É importante entender que a criança tem esta capacidade de fantasiar mas somos nós adultos que devemos dar-lhe a possibilidade de a manifestar quando, por exemplo, organizamos uma sala de jardim de infância sem ter brinquedos a mais, ou com poucos objetos “acabados” (que podem vir a ser o que a imaginação da criança determinar).

Existirá também nesta fase uma mudança na formação do torax que irá interferir com a respiração e circulação sanguínea (sistema rítmico). A criança adora tudo o que seja rítmico pois ela também o é. Histórias cumulativas (com repetição), danças e músicas deverão ser repetidas de forma a entrarem no seu sistema rítmico. Poderão ouvir repetidamente a mesma história e vão na mesma pedir para ouvir mais uma vez sem nunca se cansarem!

 

Dos 5 aos 7 anos

Esta fase as habilidades motoras da criança aumentam exponencialmente. Ela consegue dominar melhor o seu físico e, por este motivo é muito importante oferecer-lhe estes desafios no dia a dia (para que se possa exercitar e ir superando-se a ela mesma). Ir para a natureza é uma possibilidade onde explora vários movimentos importantes: atravessar, saltar, trepar, escalar, descer, correr. Para além disso podemos proporcionar na escola jogos como: saltar à corda (primeiramente a grande em conjunto e posteriormente a individual-que requer um maior domínio corporal).

Também nesta fase amadurece a motricidade fina dando-nos a possibilidade de desenvolver atividades manuais tais como: costura, dobragens, tecelagem, entre outras.

É muito importante adequar os materiais e as atividades às capacidades de cada criança. Cada vez ela sentir-se-à mais segura e mais capaz. Terá também mais capacidade de ajudar em tarefas das quais ela tanto gosta de participar: poderá pôr a mesa; ajudar a descascar os legumes; ajudar na preparação do lanche e ajudar até com os mais novos (ajudar a apertar um atacador por exemplo). Todos podem estar envolvidos de diferentes formas.

A forma como se relaciona com o outro vai-se modificando. As brincadeiras ganham mais forma e duram mais tempo, pois o poder de concentração também vai aumentando. É interessante observar que na fase dos seis/sete anos dão muita importância à preparação da sua brincadeira e por vezes a própria brincadeira é isso mesmo. A construção do espaço com panos, cordas e móveis, o diálogo, as decisões, a formação de grupos e a organização têm um papel primordial.

O brincar ao “faz de conta” torna-se mais completo com mais pormenores e detalhes.

Normalmente, também entre os seis e os sete anos surge uma transformação sensível e muito especial: a criança começa a perder os primeiros dentes de leite – um dos sinais (não o único) de que está a ficar preparada para a vida escolar.

“Somente com a expulsão das células hereditárias mais duras do corpo, representadas pelos dentes de leite, é que a reestruturação orgânica, substancial estará completada. O corpo se torna o instrumento adequado àquela individualidade. Quando isto acontece por volta do sétimo ano de vida (portanto entre os seis e sete anos) essas forças são metamorfoseadas e já podem ser usadas para o aprendizado escolar.”

Dá-se assim continuidade a esta linda Pedagogia, depois já na área da escola, onde a criança continua a aprender de forma harmoniosa.

Continuemos assim o nosso trabalho de Auto Educação para conseguirmos cada vez mais dar o nosso melhor exemplo às crianças!

Termino com um poema de Fernando Pessoa que considero muito especial:

Quando as crianças brincam

Quando as crianças brincam
E eu as ouço brincar,
Qualquer coisa em minha alma

Começa a se alegrar

.
E toda aquela infância

Que não tive me vem,

Numa onda de alegria

Que não foi de ninguém


Se quem fui é enigma,

E quem serei visão,

Quem sou ao menos sinta
Isto no meu coração.

 

A Segunda infância

Perseverança é aprender
aprender é praticar,praticar é repetir,
repetir é ganhar experiência,
experiência é crise,
crise é prova,
prova é fortalecimento, fortalecimento é liberdade,
liberdade é criar do nada,
criar do nada é transformar,
transformar é caminho e fim ao mesmo tempo!

Rudolf Steiner

O que propomos e acreditamos

A partir do segundo setênio  de vida o desenvolvimento do sentimento é central. A criança não age mais por impulso cego, mas sim com alguma consciência. 
Dá-se uma mudança no seu corpo, que se evidencia na alteração da forma da face e no alargamento das pernas. A dentição começa a mudar e estes são sinais fundamentais para iniciar a introdução da escrita e da leitura, bem como outras matérias.

A criança aprende através das imagens interiores que tem agora capacidade de vivenciar. 
Quer que lhe contem histórias e acontecimentos do mundo, como funcionam as coisas, quer ter respostas aos interesses que nela se despertam.
Neste sentido, o papel do professor, pais e adulto é de grande importância, pois é através da sua orientação que a criança receberá a imagem do mundo com amor e respeito.

“Não há, basicamente, em nenhum nível, uma outra educação que não seja a auto-educação. […] Toda educação é auto-educação e nós, como professores e educadores, somos, em realidade, apenas o entorno da criança educando-se a si própria. Devemos criar o mais propício ambiente para que a criança eduque-se junto a nós, da maneira como ela precisa educar-se por meio de seu destino interior.” R.STEINER

A nossa associação, como associação educativa de apoio ao ensino doméstico, aborda com as crianças as seguintes disciplinas:

  • Língua Portuguesa
  • Matemática
  • Relação com o ambiente
  • Jogos/Educação Física
  • Artes
  • Trabalhos Manuais
  • Música
  • Danças Circulares
  • Jardinagem
  • História
  • Geografia
  • Línguas estrangeiras
 

Independentemente do ano escola, há espectos que são trabalhados  ao longo de todos os anos escolares: são eles: coordenação motora (grossa e fina), a lateralidade, o equilíbrio, a destreza e a orientação espacial, o senso de música e ritmo, a capacidade de deslocar-se em diferentes formas e direções no espaço, a memória, o raciocínio lógico, a atenção e a concentração, a desenvoltura social e suas habilidades empáticas, o trabalho em equipe e o caráter coletivo.

Mesmo que faça chuva ou faça frio, é sempre bom brincar lá fora,, a brincadeira continua a ser um importante pilar no desenvolvimento da criança. Tal como os contos de fada, as fábulas e a mitologia nórdica, que são agora introduzidas neste setênio com forma de trazer o alimento anímico através das imagens criadas, vão ajudar a direcionar e orientar a sua vida moral.

A Horta é responsabilidade das crianças, e seus frutos são saboreados por todos na vida diária da associação. Aí se vivenciam as estações do ano, o crescimento, a floração, a morte e o nascimento na natureza.

Apoio Pedagógico Método Extra Lesson

As crianças não são preguiçosas por natureza e não perdem o interesse e motivação porque querem.

Sendo importante uma atenção e avaliação individualizada ,  existem frequentemente algumas dificuldades a nível motor que impossibilitam a criança de desenvolver por completo as suas capacidades motoras, emocionais,linguísticas e cognitivas, dificultando uma completa aquisição das competências necessárias para obter resultados positivos no processo de escolarização.

Com a base antroposófica do conhecimento do homem, Audrey McAllen, professora waldorf, juntamente com médicos e terapeutas antroposóficos, desenvolveu um método que reunia e sistematizava recursos pedagógico/terapêuticos como objectivo de ajudar a superar bloqueios no desenvolvimento motor e cognitivo nas crianças que causam o seu fracasso escolar. Em 1974 publicou A Lição Extra onde recolhe a sua investigação e desenvolve uma metodologia baseada em exercícios de movimento, desenho e pintura.

A pedagogia do Apoio Waldorf afirma que por trás das dificuldades de aprendizagem estão processos não superados em algumas das etapas evolutivas da criança, desde o nascimento até aos sete anos.
Através de uma observação e avaliação minuciosa da criança que apresenta  dificuldades na aprendizagem, o terapeuta especialista em pedagogia de apoio realiza uma avaliação que determine quais são as possíveis causas dessas dificuldades, estabelecendo exercícios que a ajudem a superá-las. A implementação do plano de trabalho é geralmente individual, embora muitos dos exercícios possam ser feitos coletivamente na sala de aula com o professor-tutor, uma vez que são benéficos para todos os alunos.

Este apoio pedagógico é destinado a crianças que apresentam dificuldades no desenvolvimento psicomotor, dificuldades de aprendizagem na leitura, escrita e matemática.

Para crianças que transitam do jardim para a primária, assim como para as crianças que chegam de outros projetos educativos serve como um processo de avaliação para determinar a sua maturidade escolar.

Ritmo e Celebrações

Outro dos pilares da pedagogia Waldorf que está intimamente ligado aos ritmos da naturea é a vivência das épocas através das celebrações. São Micael, Natal, Páscoa e São João são as 4 festas primordiais que assinalam as 4 estações do ano.

O calendário das celebrações são complementados pelas restantes épocas festivais: Carnaval, São Martinho com a tradicional “festa da menina das lanternas”, a celebração de Pentecostes ou outras festividades e tradições portuguesas tais como: Dia do Pão por Deus, Dia da Espiga…

Como ajudar?

Qualquer ajuda é bem vinda, desde as maiores às mais pequenas…

Sem todos os que por aqui passaram, não seria possível sermos quem somos, aos que ficam, aos que vão, aos que estão e aos que nos apoiam que seja com o CORAÇÃO..

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